Pela janela do meu quarto
Vejo pessoas por todos os lados
Todas com um semblante farto
Por viverem um cotidiano amaldiçoado
Sobre a calçada, o container de lixo verde
O qual foi invadido por um garoto contente
Ele revirava toda aquela sujeira podre
Crente que o seu destino estava ali presente
No outro lado da rua havia um senhor
Proprietário de uma grande loja de penhor
Ele ludibriava o povo com imenso fervor
E tinha coragem de dizer que lhe fazia um favor
E atrás de mim, o barulho da televisão
Onde o noticiário alardeava a todo pulmão
Mais um caso gigantesco de corrupção
Pelos governantes que andavam na contramão
Assim, de um lado, o povo em estado calamitoso
Que tenta esconder sua realidade com um sorriso no rosto
O explorado sobrevive numa vida sem gosto
O explorador vive extremamente orgulhoso
Do outro lado, o governo em estado divino
Que usa o poder para agir com muito cinismo
Dando oportunidade de até o mais cretino
Conquistar uma boa vida sugando todos os organismos
E no centro disso tudo, eu em estado estacionário
Que tenho o poder pleno para mudar esse cenário
Basta começar a agir em prol da sociedade nesse horário
Sem depender do governo ou do povo mercenário
Mas eu me omito
Parece que nado sinto
Por esse povo sofrido
Que sob injustiças tem vivido
Eu quero justiça
Mais amor, menos cobiça
Mais ação, menos preguiça
Mais humanos, menos carniças
Da janela do meu quarto vejo o desespero
De uma sociedade perdida em atos impuros
A ganância tornou o homem efêmero
E o encaminha para um triste futuro
A mudança deve começar agora
Por mim e por aquele que se importa
Sem esperar nada dos hipócritas
Que ignoram aquele que chora