- Literatura é uma coisa ingrata. - disse ele. E ele já tinha livro publicado.
No meu tempo, todo dedicado a leituras, era diferente. Eu lia palavras de escritores, que diziam estimular os mais novos.
Então, deixei ele falando sozinho e voltei para casa.
No dia anterior eu ainda escrevera um conto.
Olhei a caixa de correio. Normalmente a correspondência chegava à tarde.
E lá estava, o meu jornal literário.
Sofregamente me pus a lê-lo. E lá estava o meu poema publicado.
Lembrei-me dele. E sorri.
Eu nunca fui vingativo. Meu sorriso não tinha nada a ver com ele.
Mas guardei o jornal literário e no dia seguinte levei-o comigo.
Assim que o vi mostrei a ele meu poema publicado.
Ele leu. E se desculpou:
- Eu não disse da ingratidão da literatura muito seriamente.
- Está bem, porque não quero fazer dinheiro escrevendo.
Ele me abraçou e me disse:
- Então aceita este abraço amigo.
- Claro. Porque também não brigo por letras.
E somos amigos até hoje.
Meus amigos, as letras, caindo em terras certas, unem as amizades.