(Mano)ella (Em Andamento)
Shizu Devastir
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Tipo: Romance ou Novela
Postado: 20/03/17 07:27
Editado: 10/06/17 21:12
Qtd. de Capítulos: 4
Cap. Postado: 21/04/17 00:18
Cap. Editado: 21/04/17 00:18
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 9min a 12min
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Palavras: 1519
Não recomendado para menores de dezoito anos
(Mano)ella
Cartapácio, capítulo 4 Meio-dia de domingo

O filhote miserável vem até mim pedindo, implorando: "-Desabafa comigo, eu vou te escutar..."

-Não precisa, eu só estou com medo –passo minha mão na cabeça do bichano. -Vamos cuidar desse machucado e te dar um banho.

De fato o animal estava magro, desnutrido. Quem fez isso com você? O ser humano é tão desprezível! Tenho nojo de fazer parte dessa classe!! Tem rotulo para tudo e julgam todas as ações, menos as suas próprias. Eles se odeiam entre si, como podem?

-Miuh!

-Okay... Vamos então –o pego no colo e levo de volta a cozinha, parece tão frágil.

Começo a preparar os remédios para iniciar a limpeza...

Poderia ter sido uma armadilha dos caçadores? Já que eles tentam achar um urso ou 'sei lá o que' nesse mato. Me machuco quase todos os dias nelas, são insuportáveis! Contudo, não posso reclamar para aqueles homens tarados. Como vou explicar a minha presença no meio da florestar? E mesmo que eu possa explicar, eles vão começar a ficar de olhos bem abertos para encontrar-me por lá ou cá. Seria chato eu ter que assusta-los ou mata-los... Porém, poderia ser bem divertido... Quem sabe?

-Eu vou começar a limpar em volta –olho seus graúdos olhos amarelos, ele os fecha lentamente aprovando. Molho uma nuvem de algodão, branquinha, na água morna que aqueci no micro-ondas. Passo com carinho, como o de uma mãe por seu filho, removendo o sangue fresco e o sangue seco.

Ele faz caretas, mas não diz nada. Limpo também o "corte" da pontuda orelha.

-Terminei! -sorriu. -Porém, não acabei. Tenho que passar um pouco de remédio -recua o pequeno. -Tá faço isso depois do banho, venha... -abro os braços.

Em vez de vir ao meu abraço, desce e diz com os olhos: "-Aonde é?"

-Subindo as escadas, segunda porta a direita –ele sai na frente. -Vou pegar uma toalha... Vai indo na frente...

Passo na área de serviços gerais, recolho uma tolha em especial e vou até o banheiro. Encontrando o gato sentado ao lado da porta fechada do cômodo. A abro, sem demora o querido animal entra e vou junto.

Agacho próximo a banheira.

-Vou ligar a água e deixar encher por algum tempo –digo, já executando as ações.

O gato me olha, sentado em cima da privada fechada.

"-Bem que poderia me contar o que foi aquilo na cozinha agora pouco...!?" -sugere.

-Você quer mesmo saber?

Ele me encarou com uma cara de "não, eu estou brincando!". Tive de soltar uma risada. Que animal mais irônico! Nunca tive um amigo assim...

-Acho que para fazer algum sentido o envolvimento que tenho com ele. Terei de contar-te muito sobre a minha vida. Você quer mesmo saber?

Manteve seu rosto firme e interessado na minha história.

-Tudo começa quando eu nasci, claro! -rio. -Eu não tinha o melhor exemplo de Mãe, muito menos de Pai... Contudo, eu ia a escola e tinha uma vida social normal. Nenhum dos dois era fiel, mas exigiam fidelidade. Que piada! -desligo a água da banheira. -Venha.

Ele levantou e esperou que eu o pega-se, o fiz. Colocando calmamente o frágil corpinho na água morna. Levando rápido e pego no armário do balcão da pia um shampoo para cabelos de bebe, motivo para uma mulher ter isso? Sendo que não tenho e não tive filhos ainda? Sei lá, ter por ter?

Volto e sento no tapete que fica ao lado da banheira. Coloco um pouco do produto nas costas do animal e começo a esfregar, saindo assim uma intensa sujeira negra. Jogando um pouco de água, noto que ainda precisa de mais shampoo. Continuo passando, esfregando e enxaguando o animal. Sempre contando a minha história.

-Meu Pai era um viciado em trabalho, tendencioso a violência domestica e ao alcoolismo. Deixando minha Mãe sozinha, se quem apagasse seu fogo. Talvez, por isso, ela desce chance para qualquer homem que demonstrasse carinho e interesse nela. Fidelidade que fosse catar coquinhos! Até esse ponto a minha história de vida podia ser igual a várias outras, porém, tudo é diferente comigo. Em algum momento meu Pai começou a vir para casa, uma vez ao mês ou duas, para ver sua filhinha de quinze aninhos que, estava cada vez mais bonita, tornava-se uma mulher atraente. Sabe, não sei como pude ser inocente por tanto tempo?

Pego o chuveiro com mangueira e tiro o resto da espuma, do sangue e da sujeira. Enrolo-o na toalha que recolhi, anteriormente, e esvazio a banheira. E fosse embora a história de como ficasse assim...

-Vamos secar bem você para não ficar resfriado –seco rápido os pelos do bichano, deixando-os saltados. Com uma escova macia penteio os mesmos.

Em minha frente encontrava-se um gato bem diferente. Muito mais branco do que preto; digo que era até totalmente branco, tirando uma mancha verdadeiramente negra nas costa.

-Antes do banho, era 70% preto e 30% branco. Agora, parece que o jogo virou –solto uma risada de leve. -Agora vamos passar um remédio nesse corte.

"-Não quero!"

-Pode infecionar, melhor cuidar agora.

Por que ele tem tanta negação a remédios?

Em um piscar de olhos, havia um curativo na orelha machuca e comida na barriga do animal.

Bocejo. -Bem, eu estou cansada. Então, vou deitar só um pouquinho no sofá...

Deitar-me no sofá vermelho da minha sala de estar foi uma boa ideia, eu só não esperava que o animal fosse deitar comigo, ou seria melhor dizer: Em cima de mim?

Que hora poderia ser aquela quando nós deitamos? Uma ou duas horas da tarde? Não sei dizer. Só sei que o sonho que tive fora desagradável ao extremo. Meu Pai me despindo, o amante da minha Mãe me despindo, a minha Mãe me despindo... Todos acabando com a minha mente. Todos pedindo; ordenando, para mim mentir que nada aconteceu: "-Nunca aconteceu nada, entendeu minha filha?"

Uma mentira sempre leva a outra, e a outra, e a uma outra. No final, eu era uma mentira. Ai! Aconteceu...

Tudo sempre acontece... Do nada.

"-Olá, mocinha. O que você está fazendo aqui?" -fala um gordão.

"-Eu viu falar com a minha Mãe."

"-Oh! Eu conheço ela!" -comenta um magrelo feio.

"-Sério? Conhece da onde essa princesinha?" -aproximasse um fortão baixinho.

"-Vocês lembram daquela velha vadia cheia do dinheiro?" -continua o magro..

"-Eu lembro!" -responde um retardado bêbado.

"-Cala a boca, Rodolfo! Sei, que tem ela?" -ordena o gordo.

"-É a filha gostosa dela, Geraldo." -termina o magro.

"-Então essa é a mocinha vadia que você usava?" -agarra a minha mão o balofo.

"-Me deixem!"

"-Não precisa ter medo da gente, flor." -fala o baixo homem a meu ouvido.

Dizer que eles me puxaram para dentro de um beco, seria o mesmo que mentir mais uma vez para mim mesma. Os homens que me sequestraram, estupraram, estriparam, mataram, e ocultaram o meu corpo, só queiram namorar uma mulher bonita como eu. A desculpa mais tola que eu já ousei escutar!

Que comentário sem sentido, não?

Enquanto eu estava no beco mais escuro e menos visitado, sem dignidade, envergonhada por não ter força de me defender de quatro homens, nos meus últimos momentos como ser humano; como filha de pais irresponsáveis; como alma inocente, meus últimos instantes como Vitória... Eu chorei por ter mentindo até ali, por ter sido burra e por não ter dito que nada estava bem.

"-Estuprada, desmembrada, fraturada, literalmente e inteiramente destruída." -disse um rapaz; disse um anjo da morte.

Incrível poder, ele parou os meus dois últimos segundos de vida para: "-Propor um contrato de sangue" –sorriu de canto. "-Eu posso te dar uma vingança digna de rainha" –mexeu com o pé, minha perna quebrada em uns quatro pedaços.

Um anjo mortífero estava me oferecendo o doce sabor da vingança... Eu não tinha nada a perder, já estava morta. O que você faria? Eu aceitei.

Cuspi um pedaço da minha língua e fragmentos de meus brancos dentes, aceitei soltando litros de sangue em cada som ruído que saia da minha boca estuprada por beijos indesejados: -E-Eu... Ace-ce-i-to-o...

Ele começou a rir desenfreadamente, a gravidade começou a diminuir e seus pés não mais tocavam o chão sujo com meu sangue puro. A um metro da superfície o fez surgir um par do que pareciam gravetos, mais tarde eu descobriria que era ossos, ou melhor esclarecendo, um par de asas ossudas.

Tão pouco eu enxergava quando ele disse: "-Vitória Castele Gravez, aceita ser minha... Hum... Discípula em troca de Vingança? Em troca do meu sangue...

Aceito, eu respondi, mas até hoje acho que não saiu nenhum som da minha garganta.

Não me leve a mal! Não julgue minhas ações achando que é superior! Tudo que tinha de fazer era ser sua discípula e ele me daria a vingança da minha pobre e medíocre vida!

Bebi seu sangue negro...? Acho que ele me fez engolir na marra seu sangue negro. Foi a última coisa que me lembro daquela noite sem estrelas brilhantes e flores cor de rosa.

"[...] Um nome que trás lembranças de uma vida cheia de choros e medos. Um contrato de vingança, uma oferta de virar o jogo contra tudo e todos... Mais uma mentira.[...]''

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Postado 25/10/25 13:40

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