4º Ciclo Galáctico — 999 MA (Mega Annum) — 996 KA (Kilo Annum) — 245 AN (Annum)
Tempo é um conceito abstrato, o modo como o assimilamos difere de ser para ser, e o meu está se esgotando. Para ser concluído o experimento possui uma quantidade quase que ilimitada desta medida imaterial, mesmo com o infinito como companhia, o mistério persiste. O universo se recusa a revelar o seu segredo. Nesta contínua solidão o que me resta são só os pesadelos e o sentimento de insatisfação.
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4º Ciclo Galáctico — 999 MA (Mega Annum) — 996 KA (Kilo Annum) — 973 AN (Annum)
Os Agnostos foram melhorados, utilizei todo o conhecimento Myrmikiano para fazer com que os mesmos superassem, o que poderia ser considerado, seu estado perfeito. O estabilizador temporal, faz o tempo fluir minimamente, ou melhor, não transcorrer. Já o anulador gravitacional regula e mantém a gravidade em sua volta estável, ignorando a gravidade gerada por qualquer outro corpo celeste.
Já não há mais nada que possa ser melhorado, este é o limite! Porém, a pergunta ainda continua sem resposta; o que jaz no horizonte de eventos? Os Agnostos adentram a singularidade, porém, pouco antes da resposta se revelar, há um flash, em um clarão de luz branca as imagens se vão e o que resta é apenas o nada, o incompleto, a pergunta.
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4º Ciclo Galáctico — 999 MA (Mega Annum) — 998 KA (Kilo Annum) — 590 AN (Annum)
Finalmente percebo algo diferente com o Agnosto 9T.8B.4M.2K.340, um movimento quase imperceptível. Algo se mexeu pelo resplendor branco, serpenteando pelo vazio, não é possível identificar o que está se movimentando, entretanto, tenho uma improvável teoria.
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4º Ciclo Galáctico — 999 MA (Mega Annum) — 999 KA (Kilo Annum) — 998 AN (Annum)
Em dois Annums estarei deixando a Odisséia para trás. Regressarei ao encontro dos demais Myrmikianos, trazendo a resposta. Minha conclusão sobre o mistério do horizonte de eventos é apenas uma: um ser vive neles, uma forma de vida completamente diferente de todas as formas de vida catalogadas, algo novo, um ser que apenas lá reside, o senhor das estrelas. Tal criatura, aparentemente, está buscando contato comigo. Através dos meus sonhos, ele adentra minha mente. Ele é a minha única companhia em meio a esta interminável solidão.
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4º Ciclo Galáctico — 999 MA (Mega Annum) — 999 KA (Kilo Annum) — 998 AN (Annum)
Este deus está à procura de algo: ele busca formas de vida que evoluíram, uma consciência. Mimeses e o experimento, Além do Horizonte, revelou nossa presença ao deus estelar. Agora Deus virá ao nosso encontro!
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4º Ciclo Galáctico — 999 MA (Mega Annum) — 999 KA (Kilo Annum) — 998 AN (Annum)
Minha mente talvez esteja afetada, talvez seja o incontável tempo em solidão, ou as pesquisas intermináveis, ou os pesadelos, não sei o motivo, a única certeza que possuo é que ele me chama, me convoca para união. As vozes não me aterrorizam, elas me confortam, afirmando que o todo irá se tornar um com o deus das estrelas.
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4º Ciclo Galáctico — 999 MA (Megaannum) — 999 KA (Kiloannum) — 999 AN (Annum)
Não irei deixar a Odisséia, não retornarei ao encontro dos outros Myrmikianos. Aqui é onde me unirei a ele, no momento em que o tempo se esgotar, a resposta será revelada e todos saberemos o que há além do horizonte.
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4º Ciclo Galáctico — 999 MA (Megaannum) — 999 KA (Kiloannum) — 999 AN (Annum)
Esta última página eu dedico ao meu encontro com Deus.
Eu o vejo se expandir, observo seus tentáculos verdes assimilarem o vazio que me rodeia. Seus enormes tentáculos possuem o tamanho de galáxias de onde apêndices menores brotam, se dividem, indo de galáxias para estrelas, de estrelas para planetas, até a menor escala universal. Tudo o compõem, ele é o todo e o todo é ele, ele é o começo e fim, o deus das estrelas. Uma voz, não, múltiplas vozes, infestam minha cabeça, repetindo a frase em harmonia: Este universo irá ser apenas mais um que se unira a mim. Vocês irão se tornar um! Vocês quebraram o ciclo. Um, todos seremos um. Tudo deve se tornar um e um tem que ser tudo… Dyeus”.
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O Dia Da Revelação
O Dia Da Revelação havia chegado. Todos da nossa espécie, toda a colônia, haviam se conectado à rede neural. Esperávamos, ansiosos, pela resposta da grande pergunta, porém, o que avistamos foi o horror, o terror em sua face mais antiga.
S-1000, o coração de Choráfia, se tornou um resplendor branco milhares de vezes mais forte do que as maiores estrelas deste universo. Essa luz consumiu a Odisséia e dela nasciam tentáculos que devoravam tudo em seu caminho. Átomos, planetas, estrelas, formas de vida, tudo era consumido, por este… este… monstro.
Logo percebemos que este evento não foi isolado a S-1000, foi um evento generalizado, que ocorreu em todas as singularidades conhecidas.
Esta criatura não é apenas um ser sem consciência, vozes são ouvidas por aqueles que o encaram, imagens de entes queridos já falecidos são avistadas em sua forma alienígena.
Agora, tudo que podemos fazer é tentar não sucumbir à loucura, e buscar um modo para se enfrentar este monstro.
Metade da colônia já foi assimilada pela criatura, que batizamos de Dyeus, nome derivado das vozes pronunciadas em nossas mentes. Nosso grande intelecto, nossa sabedoria acumulada por cinco ciclos galácticos de nada nos serviu, nunca havíamos visto algo que se parecesse com este ser. Temo que este universo esteja condenado a se tornar um com esta criatura.
Elpis
Um antigo ritual foi descoberto. Criado pela antiga raça, que agora observa, este ritual é nossa última chance de combater este horror.
Só nos resta, Elísios, o planeta natal, o restante da colônia foi consumida. O ritual já se iniciou, esperamos que as passagens possam ser fechadas após sua conclusão. As partes remanescentes deste ser, neste universo, serão seladas nos núcleos planetários dos poucos planetas que sobraram, assim como nos próximos que serão criados. Dividiremos a imensidão da criatura e a aprisionaremos em partes cada vez menores, até que a mesma seja sobreposta pelo próprio universo, que após sua prisão, voltará a se expandir.
O restante da nossa raça será sacrificada para que o ritual ocorra, infelizmente, os símbolos antigos e o sangue são a moeda de troca.
Sabemos que há uma pequena possibilidade de que alguma raça futura quebre a prisão e liberte este horror. Por este motivo criamos Elpis, um pequeno satélite que irá transmitir uma mensagem aos nossos futuros irmãos estelares, os alertando sobre o terror que reside nas estrelas.
Este é o legado da nossa existência, Elpis!