Trago você nos ossos, no intestino,
na palma da mão e dentro do hidratante
que está na minha bolsa.
Queria que isso fosse um poema clichê,
cheio de versos de amor para você,
mas, querido, sua alma me conhece
e sabe que eu fumo demais
para escrever poesias aos mortos.
Porém, desde que você morreu
tenho lhe sentido em meus pulmões
e salgado em meus lábios.
Mesmo que você esteja no inferno
te sinto perto,
porque sempre te trago com o coração.
Após a cremação,
Trago profundamente suas cinzas
Para aguentar a solidão...
Afinal, elas são melhores do que tabaco.