Rainha
Calígula
Tipo: Lírico
Postado: 15/12/17 13:49
Editado: 15/12/17 14:39
Gênero(s): Poema
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 2min
Apreciadores: 4
Comentários: 4
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Palavras: 354
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Livre para todos os públicos
Notas de Cabeçalho

Vida ou morte, todos possuem suas rainhas.

“It was written I should be loyal to the nightmare of my choice.”

Capítulo Único Rainha

Envie uma mensagem obscura,

brutalizada,

aos teus súditos condenados,

teus escravos de pele e ossos,

teus fantasmas sem causa,

sem razões.

Envie a ordem fatal,

ou aquilo mais que quiser,

pois nós nos curvamos a você,

Rainha,

sem pedir nada em troca,

sem duvidar do que você pode ou não,

sem questionar teu poder de morte,

e de coisas ainda tão piores.

Amarre o mundo em vinhas tuas,

correntes de perdição e nojo.

Teu julgamento é o único que merecemos,

o próprio castigo que desejamos:

seja com joelhos esfolados de tanto implorar,

costas abertas pelos teus flagelos de fogo e trovão,

mãos estraçalhadas pelos presentes que apenas você pode nos dar,

tua rosa carmesim,

sangrando e crescendo,

as raízes destroçando nossas veias,

corações odiosos,

almas que entregamos somente a você.

Não pare.

Tua sorte é aquela de nos dominar,

tua alma é branca e gélida como a chuva do fim dos dias.

Permita-nos apenas aquilo que te agradar,

proíba-nos até mesmo de respirar,

de provar,

de saber o gosto bom das coisas.

Esmague nossas obras,

feitas somente para você,

Deusa,

nossas moradas e nossas esperanças,

ignore nossos monumentos,

nossos templos de insetos:

devore nossas larvas quando teu espírito bem quiser,

vomite sobre nós,

defeque:

abriremos nossas bocas para receber o néctar do infinito.

...

Nós sabemos,

Rainha,

que os dias amanhecem negros aqui.

Nós sabemos,

Rainha,

que as sombras nos devoram.

Nós sabemos,

Rainha,

que o mundo inteiro tomba aos teus pés.

Nós sabemos,

Rainha,

que teu começo é o fim de tudo.

...

Na hora mais escura,

apenas você segura a chama sagrada:

faz-te feliz nos ver amontoados no frio,

rasgando-nos com nossos próprios espinhos,

matando-nos apenas pelo teu mais singelo sorriso?

Na hora mais escura,

apenas você pode incendiar este mundo:

nosso amor já se foi há muito,

não somos mais que os espelhos de teus desejos,

carne e vermineiras desintegradas.

Rainha.

O tempo parou diante de nós,

Rainha,

as estrelas despencaram apenas para você,

Rainha,

os céus se romperam por medo de teu olhar,

Rainha,

a terra é tua para plantar as sementes de tua vida:

da decadência de todos.

Por piedade,

abençoe-nos.

❖❖❖
Apreciadores (4)
Comentários (4)
Postado 16/12/17 00:13

Os versos alcançam o leitor como uma prece cheia de devoção e rendição. É palpável o sentimento de entrega que o eu-lírico tem para com a sua tão adorada Rainha. Ela é onipresente, onisciente e onipotente; ela é quem reina nas trevas e as faz crescer; ela é a rainha que os abençoa no eterno tormento.

Como sempre, obras extraordinárias num nível maravilhoso. Meus parabéns!

Postado 16/12/17 04:18 Editado 16/12/17 04:19

Mestre/Irmão, este poema maldito está fantástico! Uma verdadeira e malevolente reflexão/crítica pesada, visceral e realista acerca da devoção cega e suas consequências inexoráveis para os incautos que a perseguem, propagam e vivenciam.

Quiçá, a Rainha seja a própria Fé. Sim, pois ela é quem geralmente faz o Homem se curvar, se sujeitar e se refugiar em dogmas, hábitos e tantas outras coisas que só culminam em sua própria estagnação e posterior corrupção/destruição...

Excelente obra, Mestre/Irmão! Como sempre!

Atenciosamente,

Um ser devoto da Rainha Escuridão, Diablair.

Postado 20/12/17 20:37

Eu ainda continuo com o meu dilema. É muito difícil comentar suas obras. Elas são incríveis além do normal e da minha capacidade de formular qualquer coisa digna.

Sério, essa obra ficou perfeita. Parabéns!

Postado 19/01/18 22:34

C-A-R-A-M-B-A!!!

Isso foi realmente extraordinário, magnífica obra! Meus parabéns!