Escravos: Uma História de Humilhação e Horror
True Diablair
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 31/10/21 22:01
Editado: 01/11/21 01:32
Avaliação: Não avaliado
Tempo de Leitura: 5min a 7min
Apreciadores: 1
Comentários: 1
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Usuários que Visualizaram: 9
Palavras: 891
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Não recomendado para menores de doze anos

Esta obra participou do Evento Academia de Ouro 2021, indicada na categoria Drama.
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Notas de Cabeçalho

Escrevi esta obra em MIL NOVECENTOS E NOVENTA E QUATRO. (A capa da obra é uma foto que tirei da folha amarelada onde a professora me deu Nota A e completou com "dorei"; gentileza pura).

Mantive 99% do que estava escrito (só corrigi as mesmas coisas que a própria professora corrigiu na época)

Leia por sua conta e risco.

Capítulo Único Escravos: Uma História de Humilhação e Horror

Sou Manoel e vou contar uma história muito triste. Eu e meu camarada Leandro vamos contar nossa aventura no tempo da escravidão no Brasil. Com a ajuda do Dr Kovinsk voltamos no passado. Logo fomos confundidos com escravos fugitivos e quase fomos chicoteados, se não fosse a surpresa de uma rebelião. Fomos presos e surrados e em vez de chicote, usaram o marmelo. Depois fomos à senzala e conhecemos Chiquito, Ricardo, Lorenço e Lázaro.

- Eu odeio essa vida de escravo. Temos que trabalhar desde o nascer até o pôr do sol. Mal nos alimentamos com as sobras que nos dão. - diz Chiquito.

- É. Mas esperem até amanhã. A princesa Isabel assinará a lei máxima de nossa liberdade, dizendo que de amanhã em diante não poderá mais haver escravos nas fazendas, a não ser se ele for pago e não ser judiado.

- Como vocês sabem disso? - pergunta Lázaro.

- Digamos que sabemos do futuro. - diz Leandro.

- Eu não acho que devemos esperar aqui. - diz Ricardo. - Vamos fugir.

Bolamos um plano para a "fuga". No dia seguinte demos uma cacetada no vigia e saímos correndo. Mas no meio da fuga Leandro pára e vê uma negra sendo chicoteada.

- Vamos embora! - digo eu.

Ele parece não ouvir. Em um piscar de olhos, ele saiu correndo e segurou o chicote. Foi um quebra-pau do caramba mas o Leandro venceu. A negra chamava Nita e como retribuição quis ser cozinheira do nosso grupo.

- Que é isso que você tem no lenço?

- Restos de porco. Vou fazer uma feijoada.

- Oba! Faz tempo que como uma feijuca! - dizemos nós seis.

Como foi gostoso! Ingredientes e o tempero não faltaram. Só faltou o arroz, a cebola, o alho, a laranja e o toucinho.

Continuando nossa aventura, notamos a troca de olhares entre Chiquito e Nita.

Vimos como eram castigados os escravos. Eram forçados a trabalhar o dia todo e, se cometessem um erro sequer, eram chicoteados até retalhar a carne.

Isso me dava ódio dos brancos. Pô, os caras judiavam e ainda davam risada. Mas estava resolvido. Nós seis faríamos uma rebelião contra Cadinar, o senhor-do-engenho da fazenda em que Chiquito, Nita, Ricardo, Lázaro e Lorenço eram escravos.

Roubamos cavalos e bolamos outro plano para atacar o "rei da cocada preta".

Nita e Chiquito começaram a "trocar ideias" e acabaram se apaixonando.

No nascer do Sol, invadimos a fazenda. Era vencer ou morrer. Ricardo era mestre de capoeira e deu um show de pancada nos "capatazes". Na verdade, eram capangas.

Cadinar estava protegido. Nos apoderando das bocas-de-fogo, cuidamos dos bandidos. Mas, de repente, aparecem seis capangas diferentes dos outros. Eram mais robustos, altos.

Seus nomes eram: Raij, Jonh, Clonter, Victor, Gint e Marc. Foi uma luta da pesada. Apanhamos, fomos chutados, socados, nos ralamos mas conseguimos ganhar. Libertamos os outros escravos e dissemos a eles para esperar até a meia-noite na clareira da floresta.

Chegamos a Cadinar, o chefão. Ele disse:

- Bem, os tições miseráveis venceram os capangas mas ainda não me pegaram.

- Veremos se não! - diz Leandro.

- É isso mesmo! - completa Lorenço.

- Comam chumbo, crioulos nojentos! - e sacou um trabuco e disparou em Lázaro. Ainda bem que ele tinha ouvido meu conselho e colocado uma tampa de panela embaixo da blusa.

Como resposta, dei um soco tão forte que saiu um jorro de sangue da sua boca. Chiquito deu-lhe um chute na boca do estômago e Ricardo uma rasteira. Lorenço deu uma coronhada e Leandro uma voadora em seu peito.

Pronto. Ele estava morrendo. Quando acabamos, ouviu-se as doze badaladas e uma grande folia nas ruas.

- Que aconteceu? - pergunta Ricardo.

- A princesa Isabel assinou a lei que nos dá a liberdade. Estamos livres!!!

- Se es-esqueceram de mim, negros.

Quando viramos para trás, vimos Cadinar em pé, com o trabuco engatilhado.

- Cuidado, gente! - digo eu.

Mas tarde demais. Lázaro foi atingido no coração. A resposta de Chiquito foi um tiro em seu cérebro (o cérebro de Cadinar).

- Vo-Vou morrer, mas va-valeu a pena morrer por uma causa ma-mais do que justa. Adeus, a-amigos! - e expirou.

Velamos seu corpo e fugimos, pois matamos muita gente para chegar a Cadinar. Fomos à clareira. Toda a guarda nacional nos perseguia.

Corríamos feito loucos, com medo de sermos castigados con ferro na brasa. Mas não tínhamos muitos mantimentos e a àgua estava acabando. Enchemos potes com mel de abelhas silvestres e colhemos amoras.

Podíamos ouvir o tropel da guarda se aproximando. Tínhamos que lutar ou pelo menos voltarmos por outro caminho. Como voltar sem cavalos?

Então esperamos o tropel e... Tum! Caímos em cima dos soldados. Roubamos seis cavalos e começamos a galopar. A tropa vinha atrás. De repente, vimos um canhão.

- Se separem! - grita Leandro.

Só ouvimos o estrondo e os gritos de Ricardo e Lorenço.

- Vão embora. Não nos resta muito tempo de vida. Desfrutem da liberdade que não podemos comemorar. Adeus. Lutamos bem e formamos uma bela equip...

Lázaro acabou de morrer nos braços de Nita.

- A liberdade dos negros custou muito sangue. - diz Nita.

- Leandro, temos que ir para o mesmo lugar de onde viemos.

- Adeus, Chiquito e Nita. Sejam felizes.

Saímos correndo e quase ficamos presos no tempo. Mas, por sorte, demos um salto e adentramos no portal.

"A liberdade dos negros custou muito sangue."

Nunca esquecerei dessas palavras que uma simples, mas grande amiga nos disse nos momentos de dor de uma aventura na época da escravidão...

Fim.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Satã... Eu... Não sei nem o que dizer.

Sério

Exceto que agora compreendo perfeitamente o que a Srta Brina comentou acerca de uma módica vergonha alheia pós leitura...

Imensa gratidão por quaisquer leituras e reviews.

Apreciadores (1)
Comentários (1)
Comentário Favorito
Postado 05/11/21 21:02

Diab, não sei em qual dos infernos uma obra como está poderia causar vergonha alheia em você. Claramente é uma obra antiga (vê-se pelo estilo de escrita), entretanto a forma com a qual ela foi construída e a própria crítica social embutida nas palavras são extremamente atuais. Quisera eu poder ter escrito algo com um conteúdo tão profundo e necessário como você...

A narrativa possui uma leitura fluida e o sentimento dos personagens tornam-se os nossos ao decorrer da mesma. O leitor quer que eles vençam a revolução e que todos fiquem bem no fim, assim como sejam libertos. Quando tudo começa a dar certo, as coisas desandam... Meu coração ficou apertado quando todos começaram a morrer.

Muito sangue negro foi derramado e ainda continua sendo. A história da nossa revolução foi marcada pela resistência, pela violência e pela crueldade. O mundo rejeita a existência do negro, tendo ele carta de alforria ou não. O seu texto retrata muito bem o cenário da escravidão, tanto o ambiente quanto a realidade tortuosa que muitos viveram...

Mesmo que o mundo nos rejeite, a nossa história foi e é construída na base da luta e da persistência.

Obrigada por compartilhar essa obra tremenda e impactante conosco.

Parabéns, Diab ♥

Postado 16/06/22 21:49

Divina Brina, primeiramente me perdoe pela ABSOLUTA demora em responder estebe todos os demais comentários, mas espero que o bordão "antes tarde do que nunca" ainda seja válido.

Tanto sua leitura quanto o seu precioso feedback me encantaram e lisonjearam tremendamente e confesso que me fizeram ver esta obra com outros olhos, adicionando assim um valor adicional a ela...

Minha mais sincera gratidão!

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