existe um vazio do tamanho do mundo no meu coração.
às vezes ele é
a
n
s
i
o
s
o
como um adolescente bobo
que se agita pelos fragmentos mínimos
por pensar que todos os sentimentos
residem em seu peito.
[essa metade de mim, sou eu].
mas, às vezes, ele é um tumulto calado muito dolorido
que me faz chorar como se eu fosse um rio imenso,
mesmo estando em um tão corpo pequeno
(às vezes, me canso dessa dor que dói tamanhos absurdos).
a dor me deixa miúda
porque é aguda.
a dor me transforma em nuvem
porque, às vezes, vou para muito longe
e somente em certos dias consigo me encontrar
no céu que muitas vezes tento destruir.
a dor me preenche
como uma enchente.
[e essa metade de mim, sou eu, também].
e me pergunto
se nesse turbilhão
alguém consegue me ver florescer
e ser quem sou.
porque apesar de me odiar,
eu ainda consigo me amar.
porque apesar de chorar,
eu nunca me canso de sorrir.
porque apesar de me perder,
eu nunca desisto de me encontrar.
porque apesar de não aparecer,
eu ainda estou aqui.
e eu me pergunto
se alguém consegue entender
que minha miudeza
não é sinônimo de fraqueza,
porque durante as noites depressivas
ninguém é mais forte do que eu;
porque durante as tempestades ansiosas
ninguém é maior do que eu.
existe um vazio do tamanho do mundo em meu coração
e eu gostaria que olhassem através dele,
porque essa metade de mim que está além,
também,
sou
eu.