Leveza e fardo.
Pensando sobre o modo como vivemos em nosso dia a dia me lembrei de um romance de Milan Kundera: “A insustentável leveza do ser”, neste o autor coloca lado a lado diversas situações em que seus personagens alternam situações pesadas, estressantes, verdadeiros fardos e situações de simplicidade e leveza.
Na vida moderna, de certa forma, estamos perdendo a capacidade de viver com leveza, não só pelas obrigações profissionais que nos são impostas, mas, principalmente por conta daquilo que nos auto-impomos, do fardo, do peso desnecessário que carregamos.
Hoje carrega-se o peso de ter de se sustentar constantemente uma imagem diária de alegria, sucesso, família perfeita, milhões de amigos, roupas caras, visual da moda e muito mais... Cria-se uma imagem distorcida de si, dos outros e da realidade, o que com o tempo se torna um fardo difícil de carregar.
Vivemos com uma geração impaciente e por vezes inconsequente, pois se age primeiro, no calor da emoção, se fala dos problemas abertamente para o mundo, não havendo mais separação entre o público e o privado, e em consequência disso, carreiras promissoras acabam na privada.
É cada vez mais necessário tomar ciência de que aquilo que cai na rede, pode se tornar a nossa própria rede, capturando em si nossas forças, nossa motivação e principalmente nossa liberdade. Urge estabelecer limites claros entre o público e o privado, entre a informação necessária e aquela que serve ao mercenário, aquilo que tolhe nossa liberdade e nos afasta da realidade.
É preciso dar oportunidade à saudade, dar e ter liberdade para respirar, olhar o céu, ver o que se passa ao redor, sentir o perfume das flores, conversar com os idosos, brincar com as crianças, dormir tranquilo o sono dos justos, viver com simplicidade, serenidade e mansidão.