O Barão Caronte
vhladrac
Tipo: Conto ou Crônica
Postado: 09/10/20 23:28
Editado: 18/10/20 23:31
Avaliação: 9.55
Tempo de Leitura: 4min a 5min
Apreciadores: 11
Comentários: 6
Total de Visualizações: 1784
Usuários que Visualizaram: 19
Palavras: 669
Não recomendado para menores de dezesseis anos

Esta obra participou do Evento Academia de Ouro 2020, ganhando na categoria Mistério.
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Notas de Cabeçalho

Eu prometo que vou tentar postar uns textos mais de suspense e mistério (talvez terror e horror) porque é Spoooookie Season e eu como uma nascida no mês de outubro, um dia antes do Halloween, não posso ficar de fora!

Eu quero fazer uma saga de contos, que começa com O Vestido de Tereza, espero que gostem!

Boa leitura!

:)

Capítulo Único O Barão Caronte

A morte do velho Berrycloth comoveu até as regiões vizinhas, poucos dias depois a família passou a ser desmembrada, a cada semana que se passava um membro da família Berrycloth desaparecia misteriosamente junto com algumas peças valiosas da grande mansão, deixando toda a cidade em estado de alerta. Uma bela manhã de domingo fez com que o destemido Harold fosse até o velho Smith, o sábio coveiro da cidade; todos ali temiam o homem, diziam que não se podia confiar em alguém que trabalhava com mortos.

– Bom dia, senhor Smith – disse após andar bons minutos a procura do homem, o encontrando fumando um cigarro de palha ao lado de uma cova semiaberta.

– Com seus familiares desaparecendo um após o outro, não deveria andar sozinho por aí, garoto.

– Não temo o desaparecimento, na verdade, é sobre isso que gostaria de conversar com o senhor. Minha tia, Elizabeth, desapareceu há alguns dias, antes disso estava ficando completamente louca, disse que meu avô viria buscá-la. Achamos que ela enlouqueceu com os desaparecimentos e fugiu com o medo nas costas – disse o jovem menino se encostando em uma lápide velha. – Acha que os mortos voltam para buscar pessoas?

– Nunca vi nenhum levantar da tumba – respondeu ranzinza e voltou a cavar o buraco.

Curioso como sempre, o jovem fingiu ir embora e se escondeu atrás de uma das grandes lápides até o anoitecer, se haveria algum fantasma, o pegaria naquela noite. O cemitério era um tanto quanto assombroso, na escuridão, não conseguia dizer o que era estátua ou o que era real. Ficou em silencio até ouvir passos se aproximando do túmulo de seu avô, espiou por entre as tumbas e encarou o velho Smith parado com a pá em mãos, mas o que o chocou foi ver a figura de seu avô ao lado do coveiro.

– Eu disse que seria mais fácil pagar os cem anos! – disse Smith entregando a pá para o outro homem.

– Um homem morto não tem preço! Eles irão pagar pelo que fizeram comigo, um por um! – respondeu com raiva em sua voz. – Deveria até me agradecer, estou lhe pagando dez vezes mais do que o necessário!

Berrycloth passou a cavar seu próprio túmulo, enquanto isso, Harold pôde ver que havia um corpo perto dos pés dos dois homens, mas não era apenas um corpo, era sua tia Elizabeth pálida e mórbida, deitada entre a névoa densa do cemitério.

– Tome cuidado, essa daí foi a que ajudou a tramar tudo! Vamos, pegue todas as joias e a deixe sem nada, que apodreça na escuridão como fez comigo! – disse Berrycloth.

– Velho, descanse! Já pagou sua dívida! – disse o coveiro.

Harold encostou sua cabeça na lápide e sentiu seu coração saltar rapidamente no peito. Estava tendo uma ilusão? Sempre fora cético, nunca acreditou na ideia de que os mortos poderiam levantar das tumbas em busca de vingança.

Procurou respirar mais tranquilamente, sentindo o ar gelado invadir seus pulmões junto com um estranho odor de podridão. Abriu os olhos com a adrenalina correndo por todo seu corpo e viu que estava face a face com o cadáver de seu avô, toda sua realidade cética desapareceu, a morte estava ali personificada e ele sabia o que ela queria.

– Achou que poderia escapar! – disse o velho pegando-o pelo colarinho e o levando até o túmulo, onde fora jogado com brutalidade. Smith o prendeu com cordas em seus braços e pernas enquanto Berrycloth colocava todas as joias que tinha na boca do garoto. – Morra afogado em toda a ganância que lhe ajudou a me envenenar!

Vendo com dificuldade através dos olhos marejados, ele observou os vultos dos homens começarem a enterrá-lo junto de sua tia. A terra lhe cobria mas não trazia a sensação de calor, muito pelo contrário, estava congelando. Afogou-se com o próprio vômito, que consumiu-lhe os pulmões e fez com que ele queimasse até seu fim, morto pela ganância que o levou a conspirar com sua família e a matar seu avô.

– Eu disse, Caronte, não há fortuna que pague a vingança.

❖❖❖
Notas de Rodapé

Obrigada, gratidão!

Espero que tenham gostado!

:)

Apreciadores (11)
Comentários (6)
Comentário Favorito
Postado 12/10/20 12:28

Começou veloz e impactando, sem enrolar. Gostei muito disso. Do jeito que eu amo um texto, na maioria dos casos. Foi como um anzol nas minhas pupilas, me sugando pra dentro dessas palavras.

E eis que o fim chegou. Morte por vômito... Olha, penso muito em morte e essa foi sem dúvida uma que me impressionou e me fez temer sofrer. Ahhhhhh.

ESCREVA MAIS!

Estarei esperando, atenciosamente, residente do multiverso da loucura.

Postado 14/10/20 00:08

Fico muito feliz em te ver aqui, Aristeles! Mais feliz ainda em saber que você gostou, pois admiro seus textos desse gênero!

Fiquei surpresa pois não achei que a morte por vômito seria tão impactante! hahaha

Irei escrever e lhe peço o mesmo!

Muito obrigada, de verdade!

Gratidão!

:)

Postado 10/10/20 20:14 Editado 10/10/20 20:15

Ah, Thais... Suas obras sempre cativam os meus olhos! Que narrativa rica e detalhada. O leitor não consegue parar de ler nem por um segundo! E esse final? Sem palavras! Impressionante e macabro!

Obrigada por compartilhar conosco!

Parabéns, Thais ♥

Postado 10/10/20 21:43

Muito obrigada, Sabrina!

Fico honrada em saber que você gostou, é extremamente gratificante!

Hahaha a vingança sempre é uma boa história!

Novamente, muito obrigada, muita gratidão!

:)

Postado 11/10/20 23:34

Uau!

Eu amo a forma como você escreve e nos surpreende a cada obra postada!

Fiquei sem ar quando você descreveu o homem enfiando as jóias na boca do moço, me senti sendo cortada por dentro como ele, e quem diria... Ele ajudou a matar o avô...

Sua narrativa é fascinante! E sim, poste mais textos de terror!

Parabéns por este e obrigada por ter publicado!

Postado 14/10/20 00:05

Muito obrigada! Fico encantada!

A ideia das jóias na boca foi algo que me surgiu de repente na cabeça, pra falar a verdade, não achei que alguém iria gostar por ser meio "simples", fico feliz por ter o efeito contrário!!!!

Muito obrigada mesmo!!

Gratidão!!

:)

Postado 07/11/20 19:05

Nossa, que incrível, senhorita Thais, estou muito impressionada com esse final, eu nunca iria imaginar que o menino tinnha ajudado a matar o avô!

Adorei o modo como tudo foi descrito, e como o clima foi ficando cada vez mais tenso!

Realmente, essa cena de colocar as joias na boca foi muito significativa e impactante!

Parabéns pelo incrível conto <3

Abraços <3

Postado 11/11/20 00:37

Senhorita Mei, não sabe o quanto fico chocada em saber que agradei a senhorita em um texto desse gênero! Logo você, uma referência para toda a AC!

Muito obrigada de verdade! Me deixou muito feliz!

Abraços e gratidão!!

:)

Postado 11/11/20 17:10

Uau. Define bem a minha impressão do seu excelente texto. Foi bem dinâmico, direto ao ponto sem perder o charme das palavras. Cativa o leitor até a última linha de um jeito irresistível. O final me surpreendeu, realmente uma morte agonizante para o protagonista.

Parabéns!

Postado 12/11/20 01:20

Muito obrigada!! Fico imensamente feliz!

Agradeço muito por suas palavras e seu carinho, confesso que fiquei com um pé atrás ao postar esse texto e fico muuuito feliz em ver que você gostou!!

Gratidão!!

:)

Postado 31/10/21 16:17

Sim, thaistardust, sou eu de novo. Simplesmente sensacional, apenas. Morrer engasgado no próprio vômito é... uma coisa. Não diria que é o pior jeito de morrer, mas com certeza deve ser terrível (espero que seja, porque pessoas horríveis merecem fins horríveis).

Parabéns pelo conto!

Postado 16/06/22 23:08

Hahaha, Holzwarth, é um prazer tê-lo por aqui, pode comentar quantas vezes quiser! Peço desculpas pela demora ao responder, precisei tirar um tempinho fora.

Muito obrigado pelo apoio <3

Gratidão! :)

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