Amanheceu, o sol já está lá fora
e, em meio ao clarão da aurora,
o coelho já recanta: “atrasada está, ora, ora.
Se levante, sem demora.
A rainha, vontade tem
de cortar sua cabeça fora”.
Essa não foi a visão que vi pela janela ontem...
“Não se atrase! Esteja lá antes que as flores brancas brotem!”
-o coelho dizia. Mas poderia eu
encarar essa cena, sem tamanha azia?
Estaria louca? Mas não importa, já estou de barriga vazia!
“Coma-me”
dizia o bilhete. Mas, ora veja bem!
Não era nem mesmo um banquete.
Apenas um bolinho, logo ralhei:
“Isto não alimentaria nem um passarinho!”
De nada adiantou, a resposta não veio.
Escolha não me restou,
do bolinho, saboreio.
E sinto-me tão pequena.
Pela minha segurança, anseio.
E então, percebi. Minha mente me condena!
Acredite, eu não estava fazendo apenas uma cena.
E também, não sou merecedora de pena.
Na verdade, certa mesmo, estava a lagarta.
Exército de cartas nenhum me salvaria. Nem o de Espartas!
Ou seria espadas?
Agora, já estou nessa presepada.
Minha mente entra em declínio. Nada me agrada.
Mas, não estava eu, desde o início, fugindo dessa furada?
De nada tem País da Maravilha.
Se com essas fantasias, minha mente apenas me humilha.
Voltarei eu, para rotina.
Saio pela toca do coelho,
em busca da guilhotina.
Seguirei o seu conselho,
Sem mais devaneios. Terei resiliência...
Enfrentarei a abstinência.