Sentado em sua poltrona predileta, com um cigarro entre os dedos e um copo de café ao seu lado, sobre uma mesa de mogno vermelho escuro, apreciava as formas da mulher a sua frente.
Cheia de uma sensualidade característica do seu tipo de mulher. Mirava-o como se ele fosse uma presa. Havia ali mais do que uma sensação de perda de sua própria existência para a outra, era como ser consumido pouco a pouco pelos castanhos que o miravam.
A boca chamava atenção; atraia-o de forma tentadora. Tinha um formato desejado por todas, porém diferente do habitual. As curvas de seus lábios prendiam-no e fazia sentir-se o pior e mais sujo dos pecadores.
Os cabelos não eram lisos como o conceito pré-estabelecido; era um emaranhado de cachos que o fazia desejar estar entre eles, como uma floresta obscura e desconhecida que sempre atraia o maior dos aventureiros.
Seus dedos longos e finos traçavam linhas invisíveis, fazendo-o sentir como uma tela de pinturas; como um desenho que ela apreciava.
Porém indiferente ao sentimento que ela o causava, a pintura verdadeira ali era ela. Incapaz de tocá-la e descobri-la como desejava, restava a dor consciente que o quadro a sua frente exercia.
Dentro de si havia apenas o anseio de encontrá-la, porém ele era só um pintor que pintará sua obra predileta novamente, fruto de sua imaginação.
Ele nunca a vira, pois, ela nunca existira.